terça-feira, 20 de agosto de 2013

Anvisa quer valorizar fitoterápicos


            

Anvisa quer valorizar fitoterápicos

Conheça alguns mitos e verdades sobre os fitoterápicos


Conheça alguns mitos e verdades sobre os fitoterápicos15 fotos

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Chás e plantas medicinais não são considerados medicamentos fitoterápicos. VERDADE: O ato de coletar, secar, estabilizar e secar um vegetal não o torna um medicamento fitoterápico. Quer dizer, uma planta ou vegetal íntegro, triturado ou pulverizado, mesmo que com propriedades curadoras, não é um fitoterápico. Idem para chás (no Brasil, enquadrados como alimentos), remédios homeopáticos (porque podem apresentar princípios ativos animais, minerais ou sintéticos) e partes de plantas medicinais (possíveis de serem comercializadas em farmácias e ervanárias desde que não apresentem indicações terapêuticas definidas, com acondicionamento adequado e declarada sua classificação botânica) Thinkstock

Produtos também oferecem riscos



A atuação dos fitoterápicos é ampla: aliviam de má digestão a problemas de insônia. VERDADE: São muitos os ativos, como alcachofra, que facilita a digestão e alivia desconfortos abdominais e gases; castanha da Índia, eficaz para tratamento de sintomas de insuficiência venosa, como sensação de dor e pesos nas pernas; espinheira santa, muito utilizada no alívio de gastrite e úlcera gastroduodenal; e valeriana (foto), amplamente empregada para ajudar no sono, para citar apenas alguns exemplos. "É difícil fazer uma lista dos principais fitoterápicos, pois há uma gama enorme que, praticamente, trata qualquer disfunção ou doença", salienta Rafael Martins Xavier, graduado em Farmácia e Bioquímica pela Universidade Paulista, consultor técnico da NutraWay, empresa especializada em nutracêuticos 




Alguns medicamentos fitoterápicos têm venda livre nas farmácias brasileiras.Verdade: há medicamentos deste tipo não controlados, e o problema é que alguns atuam no sistema nervoso central ou cardiovascular, representando riscos para a saúde. Sem que haja necessidade de receita médica, é possível comprar laxantes, diuréticos e fórmulas para tratamento de disfunções como obesidade e enxaqueca, por exemplo. São vendidos junto com os remédios OTC, ou seja, over the counter (depois do balcão, em inglês). "São 36 medicamentos fitoterápicos no total: 27 com registro simplificado, de venda livre sem prescrição médica como castanha da Índia, aloe vera, centela-asiática (foto), alcachofra, camomila; e nove com tarja vermelha, cuja comercialização necessita da prescrição médica", salienta o fitoterapeuta Sérgio Tinoco Panizza. Veja a lista, agora, dos que precisam de prescrição médica: urva-ursina, cimicífuga, equinácea, ginkgo biloba, hipérico, kava-kava, saw palmeto, tanaceto e valeriana. "Eles podem provocar efeitos colaterais, principalmente no sistema nervoso central, daí a advertência para que o uso não seja indiscriminado", defende Fernanda Granja, nutricionista clínica com especialização em nutrição funcional e pediátrica pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e em fisiologia do exercício pela Universidade Veiga de Almeida (RJ)C
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Conheça alguns mitos e verdades sobre os fitoterápicos

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Para ser medicamento fitoterápico, tem que apresentar só ativos vegetais. VERDADE: de acordo com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), só recebem a classificação de fitoterápicos os que empregam exclusivamente matérias-primas ativas vegetais. "Não são considerados os que incluem na sua composição substâncias ativas isoladas, sintéticas ou naturais, nem as associações dessas com extratos vegetais", informa a entidade. A eficácia e segurança dos mesmos devem ser validadas, ainda de acordo com a Agência, por meio de "levantamentos etnofarmacológicos, de utilização, documentações tecnocientíficas em bibliografia e/ou publicações indexadas e/ou estudos farmacológicos ou toxicológicos pré-clínicos e clínicos" (de acordo com RDC nº 14 de 31 de março de 2010). Já a OMS (Organização Mundial de Saúde) os identifica como "os que são preparados com substâncias ativas presentes na planta como um todo, ou em parte dela, na forma de extrato total" 


Conheça alguns mitos e verdades sobre os fitoterápicos15 fotos6 / 15Como são 100% naturais, os


 


            


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o também com itens extraídos de plantas. A erva de São João, ou hipérico (foto), por exemplo, é um vege

Como são 100% naturais, os fitoterápicos não apresentem efeitos colaterais. MITO: efeito colateral, como o próprio nome indica, é algo que aparece por ação do fármaco em outra área que não a desejada. E isso acontece não apenas com elementos sintetizados em laboratório (remédios alopáticos) como também com itens extraídos de plantas. A erva de São João, ou hipérico (foto), por exemplo, é um vegetal com propriedade antidepressiva que pode causar fotossensibilidade e contrações uterinas, com risco de aborto; além disso, há o perigo de hipertensão se combinado com alguns alimentos como queijo, repolho, picles e vinho. Já a cáscara sagrada, conhecida por seu efeito laxante, se ingerida em exagero detona problemas gastrointestinais

O tema fitoterápicos voltou à pauta recentemente com a aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), no início do mês de março, de uma iniciativa regulatória para revisão das normas para esse tipo de produto no país. "O próximo passo é a publicação de consulta pública, na qual qualquer cidadão poderá se manifestar sobre o tema", informou a assessoria de imprensa da entidade.
A medida vai permitir que itens que vinham perdendo espaço no mercado sejam resgatados, "valorizando a biodiversidade do Brasil". Atualmente, como todos os produtos e fármacos têm que passar por testes de segurança e eficácia antes de chegarem às prateleiras, algumas substâncias não se enquadravam nas exigências para registro de medicamento. A Anvisa espera então que, com a proposta, os usuários tenham acesso a mais opções terapêuticas. Sem falar,



 claro, no estímulo à indústria nacional de fitoterápicos. "As normas antigas continuam valendo até que tudo esteja acertado", diz a Anvisa.

                 A partir da iniciativa regulatória da Anvisa, fica clara a divisão em duas categorias: os medicamentos fitoterápicos, que devem seguir as mesmas regras das drogas sintéticas, com exigência de testes clínicos de segurança e eficácia; e os produtos clássicos fitoterápicos, que teriam apenas de comprovar seu caráter tradicional e sua segurança com base na literatura médica. Quer dizer, para o último grupo, testes clínicos não seriam mais necessários.

                    "Para entender a diferença entre um e outro: o medicamento fitoterápico tem indicação terapêutica e bula dizendo para que serve, sendo vendido somente com receita ou como medicamento fitoterápico isento de prescrição médica; já o produto fitoterápico não pode ter indicação terapêutica, e apresenta plantas medicinais na fórmula", explica Sérgio Tinoco Panizza, membro da Comissão Assessora de Plantas Medicinais e Fitoterápicos no Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo.

Efeito tóxico no organismo

                 Em relação ao fato de muitos médicos criticarem as novas regras, argumentando que há casos de toxicidade hepática provocada pelo uso destes produtos, a agência respondeu que "o assunto ainda está sendo debatido. E, na fase de consulta pública, os profissionais terão a oportunidade de se manifestar sobre a questão, sendo que as intervenções com embasamento científico serão consideradas pelo Corpo Técnico da Anvisa no momento da consolidação da norma".

                     Em tempo: a fitoterapia é reconhecida como método terapêutico pelo Conselho Federal de Medicina desde 1992. E, das 250 mil plantas catalogadas em todo o mundo, 55 mil estão em território brasileiro, o que comprova a grande biodiversidade nacional.

Consumo em crescimento

                     Embora não se saiba ao certo o tamanho do mercado de fitoterápicos no Brasil – calcula-se que movimente cerca de 10% do setor de fármacos –, é consenso que seu consumo vem aumentando no país e no mundo.
                      Segundo o farmacêutico industrial e fitoterapeuta Sérgio Tinoco Panizza, presidente do Conselho Brasileiro de Fitoterapia (Conbrafito) e da Associação Brasileira de Fitoterapia e Afins (Abraphyto), o segmento mundial de medicamentos derivados de plantas foi estimado em cerca de US$ 26 bilhões em 2011, valor que representa apenas 3% do setor global de medicamentos.

"Em relação ao Brasil, acredita-se em uma participação de 2,5% da aferição mundial, projetando-se um faturamento na faixa de R$ 1 bilhão."

















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