23/11/2016 14h53 - Atualizado em 23/11/2016 17h43
O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega afirmou nesta quarta-feira (23) que não tem conhecimento da participação do ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na compra de parte de um campo de exploração de petróleo em Benin, na África, pela Petrobras.
“Não tenho conhecimento de nenhuma participação do senhor Eduardo Cunha”, afirmou o ex-ministro que presidiu o Conselho de Administração da estatal entre 2010 e 2015. A afirmação foi uma resposta a um questionamento do advogado Marlus Arna, que defende Cunha.
Mantega foi ouvido pelo juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, na condição de testemunha de defesa de Cunha. O ex-presidente da Câmara é acusado de receber propina neste contrato e de usar contas na Suíça para lavar o dinheiro.
A defesa de Cunha nega as acusações e critica o Ministério Público Federal (MPF), dizendo que os procuradores não explicaram qual seria a participação do ex-deputado no esquema descoberto na Petrobras.
Ainda de acordo com Mantega, houve ganho contábil líquido da Petrobras com os contratos na África estimado US$ 1,162 bilhão.
"Portanto, foi uma operação positiva. (...) Não é só com a venda do Benin, é o conjunto dos blocos que estavam ali na África”.
Segundo o ex-ministro, o dado consta em um resumo executivo do Conselho de Administração da Petrobras.
Mantega também afirmou que o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Jorge Zelada, jácondenado pela Lava Jato, não participou da apresentação deste negócio em Benin ao Conselho Administrativo.
MPF e Polícia Federal (PF) investigam, a partir de informações de um colaborador da operação, a suspeita de que Eduardo Cunha dava a "palavra final" nas indicações políticas para cargos na Área Internacional da petrolífera.
Influência partidária nas nomeações
Questionado pelo representante do Ministério Público Federal, Guido Mantega afirmou que, quando ingressou no Conselho de Administração da Petrobras, já havia uma diretoria nomeada. Todavia, em 2012, os diretores foram trocados e se optou por funcionários de carreira da empresa.
“Que eu me lembre, não houve qualquer influência partidária nesta diretoria que foi nomeada em 2012 e na qual eu, como membro do Conselho de Administração, tinha mais conhecimento”.
O juiz Sérgio Moro perguntou a Mantega se ele sabia como ocorreu a nomeação de Jorge Zelada para o cargo de diretor da Área Internacional e se houve apoio político para isso. Ele afirmou que a indicação vinha do acionista majoritário e que o Conselho Administrativo fazia uma análise das condições técnicas para verificar se o nome indicado estava qualificado para exercer o cargo.
Quando o ex-ministro se refere ao acionista majoritário, está falando da União.
“Aliás, cabe ao presidente da República fazer as indicações e a nomeação”. Questionado por Moro se a indicação, neste caso, teria vindo do presidente da República, Mantega afirmou que não se lembra com “precisão”.
“Veio dessa área. Pode ser também que tenha vindo do ministro das Minas e Energia, que era a autoridade maior neste caso”, acrescentou.
Mantega foi ouvido por Moro por vídeoconferência (Foto: Reprodução)
Outras testemunhas
A oitiva foi via videoconferência – Mantega estava em São Paulo e Eduardo Cunha acompanhou o advogado na Justiça Federal, em Curitiba. Durante a audiência, Cunha fazia comentários com o advogado e aparentemente indicava algumas anotações.
O engenheiro Benício Schettini Frazão, ligado à Petrobras, também foi ouvido nesta quarta. Ele negou conhecer Cunha ou saber de envolvimento do deputado cassado no contrato de Benin.
O deputado federal Mauro Ribeiro Lopes (PMDB-MG) foi a terceira testemunha a ser ouvida. Questionado pelo advogado Marlus Arns se tinha conhecimento da participação de Cunha nos negócios de Benin, ele disse que não.
Nelson Tadeu Filipellio, ex-deputado e chefe de gabinete da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, afirmou ao juiz federal Sérgio Moro desconhecer qualquer relação financeira entre Cunha e o deputado falecido Fernando Diniz (PMDB).
Segundo as investigações, US$ 1,3 milhão foi depositado em uma conta de Cunha na Suíça a mando do economista Felipe Diniz, filho de Fernando Diniz. A ação teria sido realizada por João Augusto Henriques - apontado pelo Ministério Público Federal como operador de propina dentro do PMDB.
Os investigadores suspeitam que o dinheiro é oriundo de corrupção e tenha sido supostamente desviado de um contrato da Petrobras para a exploração de petróleo em Benin.
Logo após ser preso na 19ª fase da Lava Jato, Henriques afirmou em depoimento à Polícia Federal que depositou a quantia na conta na Suíça de Cunha a mando de Felipe Diniz, sem saber quem era o destinatário do dinheiro.
O operador foi condenado na Operação Lava Jato por corrupção passiva em fevereiro deste ano. Ele está detido no Complexo Médico-Penal, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.
Felipe Diniz foi a última testemunha ouvida por Moro (Foto: Reprodução)
Em outra ocasião, Felipe Diniz já havia negado ter mandado fazer o depósito. Nesta quarta-feira, ele foi a última pessoa a ser ouvida na audiência e disse não saber se Cunha e o lobista se conheciam.
Felipe Diniz voltou a negar ter mandado depositar dinheiro na conta de Cunha na Suíça. Ele também disse não ter conhecimento de relação financeira entre o pai, Fernando Diniz, e o deputado cassado.
Felipe Diniz ainda negou, ao ser questionado por Sérgio Moro, saber da existência de pagamento por parte de Henriques para Fernando Diniz em decorrência ao negócio da Petrobras em Benin.
Mantega diz não saber sobre atuação de Cunha em contrato da Petrobras

Eduardo Cunha é acusado de receber propina em contrato na África.
Ex-ministro foi arrolado como testemunha de defesa em ação da Lava Jato.
O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega afirmou nesta quarta-feira (23) que não tem conhecimento da participação do ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na compra de parte de um campo de exploração de petróleo em Benin, na África, pela Petrobras.
“Não tenho conhecimento de nenhuma participação do senhor Eduardo Cunha”, afirmou o ex-ministro que presidiu o Conselho de Administração da estatal entre 2010 e 2015. A afirmação foi uma resposta a um questionamento do advogado Marlus Arna, que defende Cunha.
Mantega foi ouvido pelo juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, na condição de testemunha de defesa de Cunha. O ex-presidente da Câmara é acusado de receber propina neste contrato e de usar contas na Suíça para lavar o dinheiro.
A defesa de Cunha nega as acusações e critica o Ministério Público Federal (MPF), dizendo que os procuradores não explicaram qual seria a participação do ex-deputado no esquema descoberto na Petrobras.
Ainda de acordo com Mantega, houve ganho contábil líquido da Petrobras com os contratos na África estimado US$ 1,162 bilhão.
"Portanto, foi uma operação positiva. (...) Não é só com a venda do Benin, é o conjunto dos blocos que estavam ali na África”.
Segundo o ex-ministro, o dado consta em um resumo executivo do Conselho de Administração da Petrobras.
Mantega também afirmou que o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Jorge Zelada, jácondenado pela Lava Jato, não participou da apresentação deste negócio em Benin ao Conselho Administrativo.
MPF e Polícia Federal (PF) investigam, a partir de informações de um colaborador da operação, a suspeita de que Eduardo Cunha dava a "palavra final" nas indicações políticas para cargos na Área Internacional da petrolífera.
Influência partidária nas nomeações
Questionado pelo representante do Ministério Público Federal, Guido Mantega afirmou que, quando ingressou no Conselho de Administração da Petrobras, já havia uma diretoria nomeada. Todavia, em 2012, os diretores foram trocados e se optou por funcionários de carreira da empresa.
“Que eu me lembre, não houve qualquer influência partidária nesta diretoria que foi nomeada em 2012 e na qual eu, como membro do Conselho de Administração, tinha mais conhecimento”.
O juiz Sérgio Moro perguntou a Mantega se ele sabia como ocorreu a nomeação de Jorge Zelada para o cargo de diretor da Área Internacional e se houve apoio político para isso. Ele afirmou que a indicação vinha do acionista majoritário e que o Conselho Administrativo fazia uma análise das condições técnicas para verificar se o nome indicado estava qualificado para exercer o cargo.
Quando o ex-ministro se refere ao acionista majoritário, está falando da União.
“Aliás, cabe ao presidente da República fazer as indicações e a nomeação”. Questionado por Moro se a indicação, neste caso, teria vindo do presidente da República, Mantega afirmou que não se lembra com “precisão”.
“Veio dessa área. Pode ser também que tenha vindo do ministro das Minas e Energia, que era a autoridade maior neste caso”, acrescentou.
Mantega foi ouvido por Moro por vídeoconferência (Foto: Reprodução)
Outras testemunhas
A oitiva foi via videoconferência – Mantega estava em São Paulo e Eduardo Cunha acompanhou o advogado na Justiça Federal, em Curitiba. Durante a audiência, Cunha fazia comentários com o advogado e aparentemente indicava algumas anotações.
O engenheiro Benício Schettini Frazão, ligado à Petrobras, também foi ouvido nesta quarta. Ele negou conhecer Cunha ou saber de envolvimento do deputado cassado no contrato de Benin.
O deputado federal Mauro Ribeiro Lopes (PMDB-MG) foi a terceira testemunha a ser ouvida. Questionado pelo advogado Marlus Arns se tinha conhecimento da participação de Cunha nos negócios de Benin, ele disse que não.
Nelson Tadeu Filipellio, ex-deputado e chefe de gabinete da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, afirmou ao juiz federal Sérgio Moro desconhecer qualquer relação financeira entre Cunha e o deputado falecido Fernando Diniz (PMDB).
Segundo as investigações, US$ 1,3 milhão foi depositado em uma conta de Cunha na Suíça a mando do economista Felipe Diniz, filho de Fernando Diniz. A ação teria sido realizada por João Augusto Henriques - apontado pelo Ministério Público Federal como operador de propina dentro do PMDB.
Os investigadores suspeitam que o dinheiro é oriundo de corrupção e tenha sido supostamente desviado de um contrato da Petrobras para a exploração de petróleo em Benin.
Logo após ser preso na 19ª fase da Lava Jato, Henriques afirmou em depoimento à Polícia Federal que depositou a quantia na conta na Suíça de Cunha a mando de Felipe Diniz, sem saber quem era o destinatário do dinheiro.
O operador foi condenado na Operação Lava Jato por corrupção passiva em fevereiro deste ano. Ele está detido no Complexo Médico-Penal, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.

Em outra ocasião, Felipe Diniz já havia negado ter mandado fazer o depósito. Nesta quarta-feira, ele foi a última pessoa a ser ouvida na audiência e disse não saber se Cunha e o lobista se conheciam.
Felipe Diniz voltou a negar ter mandado depositar dinheiro na conta de Cunha na Suíça. Ele também disse não ter conhecimento de relação financeira entre o pai, Fernando Diniz, e o deputado cassado.
Felipe Diniz ainda negou, ao ser questionado por Sérgio Moro, saber da existência de pagamento por parte de Henriques para Fernando Diniz em decorrência ao negócio da Petrobras em Benin.
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