06/12/2016 09h20 - Atualizado em 06/12/2016 09h20
Racionamento de água completa dois anos em Campina Grande nesta terça

Além de Campina, outras 18 cidades enfrentam racionamento desde 2014.
Açude que abastece cidades está com apenas 5,3% da capacidade total.
Racionamento de água completa dois anos nesta terça (Foto: Reprodução/TV Paraíba)
O racionamento de água para a população de Campina Grande e outras 18 cidades do Agreste paraibano completa dois anos nesta terça-feira (6). O açude Epitácio Pessoa, conhecido como açude de Boqueirão, no Cariri da Paraíba, que abastece essas cidades, está com apenas 5,8% da capacidade total de armazenamento.
Nestes dois anos, o racionamento mudou de modelo quatro vezes. Sem novos limites de exploração estabelecidos em números pela Agência Nacional das Águas (ANA), a população vai poder usar a água enquanto ela for própria para o consumo, mas os órgãos não sabem até quando isso vai ser possível e esperam por chuvas ou a Transposição das Águas do Rio São Francisco.
“Enquanto a ANA determinava os percentuais, a gente sabia em média até quando poderia usar. Mas agora, o abastecimento vai depender da potabilidade da água e isso não temos como precisar", disse o gerente da Cagepa, Ronaldo Menezes.
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No dia em que o racionamento de água começou, em 6 de dezembro de 2014, o açude, que tem capacidade para 411.686.287 metros cúbicos de água, estava com pouco mais de 98,557 milhões, que correspondia a 23,9%. Na segunda-feira (5), o açude estava com 21,707 milhões, ou seja 5,3%. Os dados foram divulgados pela Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa).
Mesmo com racionamento, em dois anos o açude perdeu 76,850 milhões de metros cúbicos de água. A queda se deu pelo consumo da população e pelo processo natural de evaporação. Segundo a Companhia de Águas e Esgotos da Paraíba (Cagepa), este é o pior nível da história, desde que a cidade passou a ser abastecida pelo açude, na década de 1950. Antes, a maior crise havia ocorrido em 1999, quando o açude chegou a 14,5%.
Por causa do baixo nível de água no açude, a Cagepa está tendo que usar um sistema de captação flutuante para retirar a água da superfície. Essa medida foi necessária, pois o volume baixou tanto que o sistema de captação por meio de gravidade perdeu a eficácia.
O baixo nível também diminuiu a qualidade da água e a presença de cianobactérias e toxinas liberadas por elas fez com que a Cagepa aumentasse o tratamento. “A água que a gente tinha há dois anos, há cinco anos, não é a mesma de hoje. O volume foi baixando e a gente tem adaptado o tratamento”, explicou o gerente da Cagepa, Ronaldo Menezes.
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Racionamento foi se adequando
O plano de racionamento da água do açude de Boqueirão foi divulgado em novembro de 2014, depois que o açude chegou a 100 milhões de metros cúbicos. A Cagepa passou a retirar água, de acordo com o que a ANA autorizava, por meio de resoluções.Em 6 de dezembro de 2014 a Cagepa poderia retirar uma média mensal de 1.352 litros de água por segundo e a população ficava sem água durante 36 horas por semana. Esse racionamento seguiu até 5 de junho de 2015, quando o nível chegou 76,121 a milhões de metros cúbicos de água, que corresponde 18,9%.
Na segunda fase do racionamento, que começou em 6 de junho, a ANA diminuiu a autorização de vazão para uma média mensal de 1.084 litros de água por segundo. A população ficava 60 horas por semana sem água. Em 31 de outubro de 2015, quando o açude atingiu 14,2% do volume, a ANA reduziu a vazão quase pela metade e permitiu que a Cagepa retirasse uma média mensal de 650 litros de água por segundo. A partir de então a população passou a ficar sem água durante 84 horas por semana.
Já o quarto e atual modelo de racionamento adotado foi 18 de julho deste ano, quando o açude atingiu o nível de 8,2%. A vazão de retirada ainda é de 650 litros por segundo e o regime de racionamento, em Campina Grande é de 45 horas, alternado por duas zonas. Alguns bairros têm água da manhã da segunda-feira a quarta-feira e outros da madrugada da quinta-feira até a tarde do sábado. Entre a tarde do sábado e manhã da segunda-feira, nenhum local recebe água. Já em outras cidades do Agreste a população chega a ficar mais de uma semana sem recebe água.
Operários trabalham no canal que vai levar água da Transposição em Monteiro

(PB) (Foto: Katherine Coutinho / G1)
Planos para 2017
Sem certezas de boas chuvas na região e aguardando a conclusão das obras da Transposição do Rio São Francisco, a Cagepa alerta a população para continuar racionando a água. O gerente Ronaldo Menezes destacou que é preciso tomar medidas de curto e longo prazo.“A curto prazo o que tem que se fazer é economizar o máximo de água e adotar o reuso da água. Isso faz com que a água boa seja poupada de serviços mais pesados. Já a longo prazo, como sabemos que essa é uma fase de seca, é preciso que os governos tomem medidas para aproveitar melhor a água da chuva”, explica ele.
Ainda segundo Ronaldo Menezes, na última reunião com a Cagepa, Aesa, ANA, Ministério Público da Paraíba e Ministério da Integração, a previsão de chegada das águas do Rio São Francisco na cidade de Monteiro, no Cariri paraibano, era para abril de 2017. Entretando, a água precisa correr por outras barragens e rios até chegar ao açude de Boqueirão.
Para o presidente da Aesa, João Fernandes, a situação é bem crítica, mas as chuvas do início do ano podem melhorar a situação e aumentar a oferta de água, enquanto as obras da Tranposição do Rio São Francisco não são concluídas. “A gente sabe que todo ano chove, mas não sabe o quanto vai chover. Geralmente, a partir de janeiro, ou até antes, essa região recebe chuvas e isso pode aliviar. Mas os cuidados precisam continuar, com as ações dos órgão e a diminuição de perdas, que é o que a Cagepa já tem feito", disse ele.
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Boqueirão, Campina Grande, UEPB
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